21 janeiro, 2008

Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia – INL ou LIN?


A propósito da meritória instalação em Braga do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, eis que após várias leituras de periódicos de âmbito regional e nacional e da consulta de sites como o Portugal Diário, a Agência para a Sociedade do conhecimento do MCTES e o Portal do Governo, entre outros, chamou-me à atenção o facto da sigla desta instituição, ser INL e não LIN, tal como seria de esperar, dado tratar-se de um organismo Ibérico e, como tal, têm como denominador cumum a génese linguística ou seja o latim.

Tanto em espanhol como em português, a designação é muito semelhante, excepto na acentuação aguda das palavras laboratorio/laboratório e nanotecnologia/nanotecnología.

A sigla oficialmente utilizada pelo nosso Governo (INL), corresponde à designação em língua inglesa (international iberian nanotechnology laboratory).

Por facilidade de leitura e de escrita utilizam-se siglas. Dizem as regras, que se deve respeitar a sigla da língua de origem, ou seja, a língua em que pela primeira vez foi utilizada.

Por exemplo, quando nos referimos à Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas, utilizamos a sigla (FAO), na sua língua de origem.

Quando nos referimos ao Ácido Desoxirribonucleico ou ao Ácido Ribonucleico, utilizamos respectivamente, as siglas DNA e RNA, na sua língua de origem.

Como é que o nosso governo quer fortalecer a Língua de Camões e aumentar a nossa autoestima, quando deita a perder oportunidades tão valiosas como esta?

Isto faz-me lembrar alguns curricula académicos, em que aparecem publicações com o título em inglês e o resto do trabalho todo ele em português.

Haverá necessidade de pactuarmos constantemente com estes estrangeirismos e outros barbarismos? Afinal a língua portuguesa não existe?

Complexo de inferioridade? Vergonha da nossa pequenês?
Talvez em Espanha dessem mais atenção à defesa da Língua de Cervantes.

11 janeiro, 2008

OTA: Mairoia 0 - Cidadania 1. E Braga?

Os portugueses estão acostumados a ver os governantes (em situações de maioria parlamentar) tomarem decisões baseadas principalmente em critérios meramente políticos, omitindo não raramente, estudos técnico-científicos credíveis e devidamente fundamentados, principalmente quando estes são inconvenientes. A localização do futuro aeroporto internacional de Lisboa constitui bom um exemplo.

Após largos meses de discussões, por vezes estéricas, acerca da irredutibilidade do Governo Sócrates face à localização do futuro aeroporto internacional de Lisboa e da multiplicidade de possíveis locais apontados como opção, um grupo de cidadãos, insatisfeitos com a postura do Governo, decidiu "custear" um estudo a um organismo público (o LNETI) de credibilidade reconhecida, de forma a comparar a viabilidade do futuro aeroporto nas duas localidades tidas como as mais adequadas para o efeito.

Após a divulgação dos resultados, o Governo mudou radicalmente de posição. Afinal, o deserto de Mário Lino, não pariu um rato, mas sim um aeroporto. OTA jamais, ALCOCHETE toujours. Tudo isto, sem ser necessária a criação de uma espécies “estados gerais” ou de manifestações públicas para tentar mudar o rumo dos acontecimentos.

Afinal, o exercício da cidadania começa a dar os seus resultados em Portugal. Este é um bom exemplo de que quando os cidadãos se mobilizam em favor de uma causa, não há maioria que lhes resista. A cidadania venceu a maioria.

Em Braga, é comum assistirmos a situações idênticas. Mesquita Machado ameaça frequentemente com “um chumbo” de todas as propostas vindas da oposição. Parece não estar interessado em ouvir os desabafos dos munícipes, ao ausentar-se frequentemente das Assembleias Municipais durante o período em que os cidadãos podem interpelar a autarquia e o Edil (um direito que lhes assiste por lei) deixando atónito o mais comum dos cidadãos.

É tempo dos bracarenses se mobilizarem e contribuírem activamente para o exercício da cidadania, para que o acto de votar deixe de ser uma espécie de cheque passado em branco a quem nos representa ou vai representar.
Há que tomar consciência de que a “democracia de pantufas e sofá” apenas serve os interesses de quem quer governar em paz e sossego e bem longe do barulho dos "papagaios", não leva a lado algum.
Não se pode ter medo mesmo do próprio medo.


E assim com medo de tudo
perdeu meu irmão a vida
e assim com medo de tudo
viveu-a e não foi vivida
meteram-no num caixão
às duas por três, num dia de Verão
desceram-no p´ra uma cova
deitaram terra por cima espetaram-lhe uma cruz
ita missa est
Amen.
In: Sérgio Godinho - Eh! Meu Irmão (Ou Mais Uma Canção de Medo)

05 janeiro, 2008

Braga sem dia de Reis

Hoje, no final da tarde, pouca gente assistiu à chegada dos três reis magos à Praça do Município. Como o tempo não ajudou, Gaspar, Baltazar e Melchior, lá foram estacionar os camelos no piso -3 da Bragaparques no Campo da Vinha.
De seguida, guiados pelo GPS (o petróleo está muito caro para iluminar uma estrela), lá se dirigiram em fila indiana Rua dos Capelistas acima, rumo ao local onde supostamente deveria estar a sagrada família, ali mesmo em frente ao Astória.
Para espanto dos três reis magos (que não haviam sido informados pela CMB da decisão do Tribunal da Comarca de Braga) a sagrada família não se encontrava lá, pelo que o característico burburinho não se fez esperar.


Foi então que um dos nossos conterrâneos frequentador assíduo da Arcada, lá informou os visitantes do sucedido. Pela primeira vez em Braga, as ruas tiveram uma decoração natalícia merecedora de tal designação, em que a generalidade dos bracarenses sentiu a sua auto-estima a vir ao de cima, como há muito não acontecia. Porém, a empresa vencedora do concurso, foi acusada de violação de direitos de autor e o tribunal ordenou que a sagrada família fosse retirada do local, pelo que os bracarenses viram a sua Quadra Natalícia reduzida em alguns dias. O Juiz decidiu, está decidido.

Os Reis Magos, estupefactos com o sucedido, exclamaram em uníssono:
- Já vimos obras maiores sem concurso público e nada disto aconteceu!


Seria de bom grado a CMB solicitar à empresa condenada, um descontozinho na factura final, para custear a estadia e a alimentação dos camelos e restante comitiva, bem como o seu regresso às terras longínquas do Oriente.